Vislumbres de lucidez de uma alma reclusa
Há nesses vislumbres do mundo um olhar distante
Uma fuga rasgada aos sonhos, à realidade fingida
Eram ontem e todos os dias depois, reclusão
As portas abertas, as janelas também, e o medo…
As paredes negras sem luz, e a voz da vossa mãe
Mas fico, ficas, ficamos, e a vida lá fora, distante
Há nas árvores que se agitam ao sabor do vento
Um não sei quê de liberdade, não vão a lugar algum
Mas vivem livres na sua reclusão das raízes térreas…
Onde moram os pássaros, e os peixes dos lagos?
[eu que tudo tenho para fugir, fico-me olhando o mundo]
Nesse amontoado de pedras a que chamam história
Não rosna a minha alma, eu fiz-me meramente palavra
E nela livre, dentro do meu próprio universo…
Sou, para lá de cada pedra, de cada vidro, de cada porta
Sou para lá da existência, sou consciência, lágrima e riso
Na lucidez que a prisão me devota, eu sou tudo, poeta do mundo…
Alberto Cuddel
11/06/2021
23:20
Alma nova, poema esquecido – IV
Deixe uma Resposta