O doce pinho hirto…
já não morrem de pé como ontem…
as pedras ferem-me os pés, quelhos
neste céu verde que me cobre
apenas os pássaros, e eu… esse gritar doente
nem eles ou as águas me abafam os gritos
dou comigo sentado numa pedra, perdido neste mundo
olhando à minha volta alheio, indiferente a tudo
vejo a vida que passou por este corpo, qual borboleta
num voo irregular ziguezagueante e mudo
levantei um braço, como que a dizer, vai-te embora!
vida que me deixaste, qual sombra de mim a vegetar
o vento frio agreste me acorda e me desperta
do torpor em que caí, neste eterno arrastar
um caminho que me leva, que me traz, que me deixa
e um pinheiro que se agita, que me olha e me fita
uma ave que não identifico, asas curtas cor de ameixa
e uma mente inquieta que se ergue da pedra, fica…
olho-te ao longe na curva da estrada…
e penso… penso e não te vejo…
a estrada morreu… e o pinheiro caiu…
e eu? Onde me perdi eu…
Alberto Cuddel
24/05/2021
17:30
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha LXIV
Boa noite, nobre poeta, seus textos são muito especiais, cada qual com as suas especificidades. Quanto aos pinhais, aqui no Brasil, em especial na Região Sul, nesta época do ano é muito frio, e os pinheiros se alegram com as suas magníficas pinhas, O “pinhão”, um fruto muito apreciado na culinária. Enquanto isso a gralha azul que também adora essa semente, esconde enterrando-a, e consequentemente a natureza responde, brotando muitos outros pinhais…. Grande abraço. Gosto muito de suas poesias.
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Muito obrigado amiga Miriam, vivemos o oposto, a chegar ao verão, com o perigo dos incêndios… Os perigos sempre espreitam…
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