E depois de escrever calamo-nos 

E depois de escrever calamo-nos 

E depois de escrever calamo-nos, como se tivéssemos acabado de gritar todas as palavras para o papel, como que um despejar da alma… Depois vazios, calamo-nos…  

Olho aquela imagem reflectida no espelho, vazia… Desconheço-me… Não estou ali, estou nas palavras, na alma das vírgulas, nas pausas, nos silêncios…  

Perguntei-me de seguida, pelo resto das vogais que me sobram, onde nasceram as consoantes, que segredo o nosso de vivência sem contacto, onde nos sobra a tempo sábio e o outro sábio tempo onde obramos o pão dos dias? Que saudade tempo renova e matiza o querer diante do sofrimento que te imponho nas palavras segredo que lês? 

E gasto o restante silêncio cheio, em pensamentos vãos, sem um perdão, neste vazio que me enche…  

Mais que tudo deserdei-me do teu peito… Mas não chores, não acordes os passarinhos, não entristeças as flores, deixa que o sol te aqueça e abraça o dia… Quem sabe um dia, depois da madrugada, eu me volte a encher de palavras, eu me volte abrir, para te abraçar na plenitude do perdão que se faz com as mãos…  

Alberto Cuddel 
13/05/2021 
18:27 
In: Entre o escárnio e o bem dizer, 
Venha deus e escolha LXII

4 thoughts on “E depois de escrever calamo-nos 

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