Vento da vida de mim me escorre…
Soprou a vida no alto da colina
A morte corre afoita pelo vale
De que me vale toda adrenalina
Os dias e a pressa que resvale
Se nada se me aproveita, morte
Tempo que de paz nada tem
Tempo construído e pouca sorte
E eu não me encontro em ninguém!
Soprou a vida um pouco de paz
A morte espreita enviesada
Cousas belas que o amor me traz
Vida mal vivida, mal tragada
Gasta no nascimento concedido
O mundo deixa-me quedo
Emprenhando a alma pelo ouvido!
Mas por impulso de vida
Não por cansaço ou medo
Não fico, estou de partida,
E o sol, que me morre no rosto
E o vento que me corre em morte
Há um que de graça no sol-posto
Uma rua suja, a húmida e corte…
Os pés rasgam-se nas solas
As mãos vazias, com fome
Tudo o que nos dão, esmolas
Sociedade hipócrita, consome…
Soprou a vida, e morreu
Assim como nos fez Deus
Não sou dia ou noite, eu
Apenas um sussurro, um adeus…
Alberto Cuddel
04/05/2021
18:30
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha LVIII
Intenso
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