Poética XII
o corpo essa alma móvel na perseguição do Olimpo terreno
arte de sonhar diferente do estar, sentir o sol em dias de chuva
uma linhagem de interpelação permanente, sou, és, onde estamos?
olhamos lado a lado a vida que nos passa pelos pés
essa vitória do espírito sob o corpo nosso
olhar os montes para lá do por do sol,
e o vento nos cabelos, o amor ali, na ponta dos dedos
juremos juntos segredos nossos, não da vida
mas da alma que sonha além do homem e da terra
além da vida e da existência, segredos pensados em sonhos
e neste desassossego da escrita, em que as palavras existem
somos apenas apêndices de uma alma velha que se desmembrou
vidas cruzadas e repovoadas pela história…
lemo-nos, nesses silêncios ocultos por de trás das vírgulas do tempo
no contorno acidentado das vogais…
há nas palavras esse rasgo de vitória
essa força sobre-humana de gritar ao papel palavras da alma…
essas que o corpo guarda em prisões neurónicas
quando à alma já não é permitido chorar…
sabes poeta… tenho inveja dos que não lêem…
esses não conhecem a tua angústia…
assim, sofro, não por mim… mas pelas palavras que te nascem…
Alberto Cuddel
19/03/2021 17:30
In: Entre o escárnio e o bem dizer,
Venha deus e escolha XLVI
Muito lindo
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Muito obrigado Alda pela leitura e comentário deixado, bjinhos!
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😇
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Dores de parto do poeta…
Muito bom!
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Muito obrigado Dulce pela leitura e comentário deixado, bjinhos!
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Uau! Avassalador!
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Muito obrigado Ana pelo comentário deixado e pelo apreço. Bjinhos!
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