Lilases como as rosas
houve um tempo em que os homens eram feitos de espinhos
em que as sementes nasciam-lhes das mãos, e a terra era fértil!
nos caules que se erguiam até ao tronco
corria a seiva da vida e o suor escorria
a vida mastigava-se à brilhante luz do sol
e o tempo marcava o compasso da existência…
depois esperou, olhou, caçou a herança do sangue
rasgou-lhe as carnes e o ventre, perpetuação…
matou pela posse, pelo prazer de ter
o desejo mata, destrói… moveu montanhas
revolveu entranhas, terras e mares
por esse adjectivado sentir: -amor
prazer a procriação…
lilases como as rosas, na finitude do querer
detalhe inalcançável, querer o que não pode domar…
revelou-se o poder, o jugo que pende sob o animal
esse desejo carnal que o faz bicho…
a mulher, escrava, aprende, a domar a fera
a subjugar o mal, que lhe nasce do ventre…
lilases como as rosas, há homens
que hoje, não matam,
já há homens que hoje, amam…
Alberto Cuddel
08/12/2020
10:40
Poética da demência assíncrona…
Deixe uma Resposta