Fúria de amar…
não são as palavras quentes
mas os longos movimentos da língua
essa traiçoeira que nos percorre a espinha
nos amplos movimentos do beijo
digladiam-se as bocas pelo tesão das mãos
caiam as veste… rasguem-se as roupas e os pudores
percorram-se os corpos, descubram em si mesmos o prazer
toquem-se…
toquemo-nos…
beijemos todos os cantos, recantos, vales e montanhas,
sorvamos o regato que escorre…
apreciemos os sabores almiscarados do desejo
mostra-me o teu olimpo, a tua louca divindade
faz-me reconhecer o teu céu…
ergue-te, ergue-me, deitemo-nos
lento, forte, seguro, rápido…
forte, fraco, todo ou apenas parte…
conduzamos a noite longa pelo querer
saber é descobrir, estudar, gritar, gemer
procurar constantemente a sintonia inversa
chegar ao orgasmo, agora, já, depressa…
cair extenuados, encharcados
abraçar, beijar, conversar, carinho, devagarinho
e tudo outra vez,
sem pensar, no sofrimento do ninho…
amanhã?
amanhã voltamos a nos apaixonar…
tanto de novo a realizar…
a descobrir, amar…
porque foder, não é morrer
mas voltar a nascer
a cada dia que nos queiramos envolver…
Tiago Paixão
04:10 – 11/11/2020
A fúria da Saudade
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