Violem todas as probabilidades
“É-lhe lícito escrever um poema onde se violem todas as probabilidades — logo que, é claro, a violação dessas probabilidades não implique directamente uma falha na natureza do poema, como seria, por exemplo, o anacronismo num poema histórico, o erro psicológico num drama, etc. A verdade pertence à ciência, a moral à vida prática.”
Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa.
esvaziemos o mar…
pesquemos licitamente todas as aves do céu
ceifemos flores
cultivemos amores em canteiros de prata
reguemos tudo com natas…
não há na probabilidade matemática
nenhuma estatística que me confirme
nasci do amor pela certeza crente
não pela ciência humana…
tenho rasgado páginas de romances
escritos a carvão em folhas de milho
escorrem as águas no regato, nuances
de um convívio que se fez filho…
é lícito, todo o prazer humano é lícito
consentido pelos deuses em nós…
Alberto Cuddel
13/10/2020
12:55
Poética da demência assíncrona…
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