Os compradores de coisas inúteis sempre são mais sábios do que se julgam
são compradores de sonhos e ilusões
pequenos sonhadores compulsivos como crianças
todas as pequenas inutilidades alimentam, confortam
são possuídos por uma atitude feliz
como uma criança que apanha conchinhas na praia…
compram com um abraço sorrisos
com uma mão estendida, pão
compram a inocência a alegria de possuir um punhado
de ter ali tudo, porque sim, porque quis…
o crime! roubar-lhe bocados exteriores da alma
proibir a sua aquisição por carência monetária
crime hediondo esse de lhe roubarem o mundo
arrancar-lhe pedaços de sonho! — choram como um Deus a quem roubassem um universo recém-criado.
como se perdessem o amor que nunca souberam existir…
e são felizes os compradores de coisas inúteis
como crianças que brincam com aviões de papel
ou barcos em pleno porto de mar, ali na borda do regato…
Alberto Cuddel
11/10/2020
14:40
Poética da demência assíncrona…
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