O beijo seco que ficou por dar
“há nesta forma de luta uma fome
essa que me agarra ao degrau da escada
essa que me impede de levantar e ir ali
apenas ali, para morrer…”
Sírio de Andrade
na sensação do beijo seco
está o provir da derrota
na consumação da cúpula
o fétido e triste enterro
semente de flor desidratada
que germina ao primeiro pensamento
sepulta-me no peito essa promessa de beijo
que os anjos e demónios do corpo me possuam
que me rasguem as carnes nesse pecado de pensamento
entre a traição à vontade humana
consumação do sentir da alma…
e morro sem que tu, sem que eu
saiba a incerteza da verdade do que poderia ter sido…
e nunca existiu a coragem de tornar real…
Alberto Cuddel
13/06/2020
00:05
In: Nova poesia de um poeta velho
(tributo póstumo à vida e obra de Sírio de Andrade)
O poeta e os outros poemas 
Um intenso não-beijo corroi as estranhas da pessoa que não o deu
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Corrói a vida… Há relações assim platônicas que nos secam por dentro.
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Ops! (“entranhas”)
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Eu entendi!!!!
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