Rasgados os céus e os caminhos descalços…
“Ó vergonha escondida pelo sentir
Homem fugaz se eleva diante dos outros
Mas tristemente arrasta na alma
A perversidade de um desejo”
Sírio de Andrade
bandeiras desfraldadas em mastros hirtos
espinhos cravados nos pés, caminho de pó
há uma assassina da alma à solta
despe-se de negro, palavras mansas
ama, se ama, ama o conforto que possui
e ele? Morre a cada hora apenas um pouco
como se o amor o matasse por dentro…
Morreu a cada entardecer
Ave-marias rasgavam-lhe o silêncio
A morte advém-lhe da alma
Essa que o matou a cada ausência…
Onde estavas?
De onde o esqueceste?
O tempo, passa, passa…
( o tempo, apagou-o)
– ele, ele esqueceu-se de quem era, e de ti dependia…
Alberto Cuddel
12/06/2020
02:50
In: Nova poesia de um poeta velho
(tributo póstumo à vida e obra de Sírio de Andrade)
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