Afoito da alma no vale dos esquecidos
desta alma baça de régio nascimento, não reza Hades
porta cerrada, sentinela morta, apelo do barqueiro
custo pago com vida, nome inscrito no esquecimento!
há tempo que passa na gente que vive
humana raça uniforme dos cegos
mudos que não contam segredos
surdos que não escarnecem das palavras malformadas
gritadas e gemidas no céu da boca aberto à vida
é tarde, muito tarde,
finalmente…
já não devo passar no regresso
caio e não me ergo de alma lavada
na margem da porta do tempo
de joelhos levados ao chão
caio…
a chorar o esquecimento lembrado
do tempo que de mim esqueci…
barqueiro… ó barqueiro…
de que cor é a raça da minha alma?
eu afoito lembro-me…
de todos os que de mim se esqueceram…
Alberto Cuddel
10/06/2020
00:07
In: Nova poesia de um poeta velho
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