Prefácio de um livro inacabado…
Declara o autor no final desta obra o acto de ainda a ter não escrito, já que a obra poética encerra em si mesma uma abertura de espírito hermética, condicente com a beleza de um vaso vazio que floriu no Inverno.
Na poética taciturna do autor é exposta a luz da palavra na intermitência de um pirilampo, morto no soalho de cimento de uma sala, de um qualquer consultório de arquitectura de obras acabadas.
Toda esta dicotomia do sentir exposto da alma dilacerada, está bem patente no poema “Palavras que não disse” onde o poeta apresenta-se perante o leitor e peremptoriamente, no decorrer do terceiro verso a razão do seu silêncio afirmado “… …” , já sobre o amor no poema seguinte “Por ódio te deceparei” o poeta expõe a busca infrutífera pelo orgasmo precoce, chegando mesmo afirmar no ultimo verso, “ai meu deus, quase cheguei lá”.
Estamos por isso perante uma obra de culto, onde a arte de não dizer nada é glorificada até ao pormenor de não ter acabado o livro. Uma obra a ler com todo o cuidado e atenção, logo que alguém a acabe de escrever.
Alberto Cuddel
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