Desse “eu” tão completamente abstracto
nascido que houvera o dia
por entre serras cansadas e mosto
catam o lume das lareiras e pão
esse cansaço tão dormente e tão só
a loucura por companhia e um cajado
um lápis rombudo e papel sujo…
curva-se o horizonte sobe o rio,
serpenteando os vales e as letras foscas que tecem a vida…
é na loucura que me encontro, amado o real
abstracto sou, prisioneiro do teu querer
ciclo vicioso da existência da vida, faço-me em nós
para que na morte exista
onde florir as macieiras e apodrecer as pêras
as abelhas irão dançar sob as flores dos morangueiros
ira chover e nascerão os cogumelos, esse fogo que arde
na cura do fumeiro que nos mata…
e tudo é tão abstractamente real…
tudo é tão duramente sofrido a cada sorriso…
e tu?
Desse “eu” tão completamente abstracto
Fazes da loucura a doce viagem lida
Pela existência da lucidez alcoólica
Impregnado no odor emanado pelo copo vazio…
Alberto Cuddel
Republicou isto em escreversonhar.
GostarGostar