Esse corpo em que desabito
rasguem-me o peito e os seios
arranquem-me o coração e levem-no
de nada se me aproveita neste corpo que desabito
que alma é esta aprisionada entre braços?
aporto num rio sem foz, num cais tosco
um ribeiro seco de ideais, conformismo
um amar sem sal, nesta terra infértil
nada, nada, me ergue os braços, nada abraçar…
perco-me do tempo, uma amanhã que foi
um ontem que ainda será igual a depois
e as palavras que me fogem como punhais
enchendo-me de sangue as mãos vazias…
rasguem-me o peito e os seios
arranquem-me o coração e levem-no
levem-no nas garras de uma águia
deixem-me voar, livre, para longe
nessa distância onde vivo, sem rédeas…
Alberto Cuddel
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