Nada disto era antes de ser

Nada disto era antes de ser

nada é nascido antes de concebido
de florido, de germinado…
molha-me os pés esse orvalho nocturno caído
ciprestes altos e teias de aranha ornamentados
e vai a ver é agosto, e vai a ver já é natal…
nada disto era antes de ser…

tinham todas as palavras os teus olhos
nesse cruzamento do silêncio dos meus
e cheguei, e chegaste, e parti, e ficaste
e vamos a ver já é noite, e vai a ver já é dia
e fomos lado a lado, do lado de fora da estrada
nada disto era antes de ser…

vieram os braços e o teu corpo dentro deles
e veio o cansaço e o dia em que adormecemos
e perdemos a fome, a sede e a vontade de dormir
semeamos os sonhos mesmo antes de nascerem
e veio o frio, e veio a indiferença
e vai a ver, já não nos conhecíamos…
e nada disto o era antes de ser…
e aconteceu…

Alberto Cuddel

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