Essa ilusão da existência
“O mesmo ardor que o dia nos pedia.
Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.”
Ricardo Reis
nessa ilusão rasgada pelas filosofias
existência dependente da eléctrica corrente
amo por ser gente, e gente por ter morto a solidão
como é antinatural o amor, se por amor perco
na dádiva do que de mim entrego…
corto dos dias as horas de mortandade
essa em que ilusoriamente sonha a irrealidade
com outra consciência nós colhíamos
e sob uma outra espécie
crepitam mortos os troncos na lareira
ainda que a tua mão esteja na minha
eu não existo ali, apenas estou
porquê por amor de dou
e amo porque sim, não porque existo
mas porque sem amor, sou tudo, do nada que dei
sem a existência do amanhã
morro, na probabilidade de na felicidade
não encontrar a significância do que sou
nesta ilusão da existência
de que todo ele é
poesia e melodia
que crepita diante de nós…
Alberto Cuddel
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