Em cada pétala, um desejo…
morre no beijo o desfolhar de um malmequer
pela sombra primaveril de um outro
rio vazio de ondas em caminhos descalços
e dessa lonjura que de perto se fez, rimos
rimos da arte gravada a ferros em madeira oca…
rasgam-se ecos em musgo verde
murmuram as cigarras canto triste
vida que nunca chegou
um silêncio cinzento em céu limpo
há convidados de outono que ninguém escuta
voam pétalas escritas na saudade
sob a vulgaridade do sonho
ausência de corpo
eco de voz distante, rasgos de luz
esperança esvoaçante, de uma coabitação eterna…
sejam polidos os beijos
novena orada na exaustão do desejo
pétala a pétala, até ao fim dos teus dias…
Alberto Cuddel
in: Catarse do Poeta
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