As noites em que não queria ver nascer o dia

As noites em que não queria ver nascer o dia

Há noites em que não queria ver nascer o dia, em que não queria acordar, em que não desejo nada além dos pesadelos que me habitam, há noites que não quero ver nascer o sol, entre a escolha do ficar por obrigação e o partir por devoção, há momentos que a escolha dói-me…
Há noites em que não sonho, não desejo e não morro, há noites em que não existo, nem desejo existir, não quero acordar…
Não quero escolher entre o sangue e a alma, não quero escolher entre a vida e a morte, não quero, já disse que não…
Há noites em que não queria ver nascer o dia, entre ter que partir querendo ficar, entre ficar lá querendo estar aqui, entre estar aqui querendo estar lá, não quero escolher entre o silêncio das palavras e o grito mudo dos silêncios, não quero ver nascer sementes onde não há terra, não quero árvores nascidas em pleno mar, não quero nuvens no deserto, e calor nas calotas polares, simplesmente não quero fumo sem fogo, e fogo gelado que queima…
Há noites em que não queria ver nascer o dia, porque os dias são a repetição interminável da pressão das escolhas que conduzem ao mesmo inferno…

Alberto Cuddel

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