Reinventem-se mentirosos

Reinventem-se mentirosos

há muito tempo que não passo à tua porta
mesmo assim, rasgam-se as paredes
ventos gélidos da arrogante saudade!

as ruas continuam estreitas, escuras,
sujas, fechadas em si mesmas
já não há arco-íris nos céus
tão pouco bilha o sol, apenas um ar cinzento!

inventem-se novos amores
novas relações, novas paixões
as velhas essas morreram de velhas!

inventem-se novos poemas, novos teoremas,
novas formas de amar, jamais amem
apenas porque sim,
porque sentem, afinal o que é o sentir?

se as palavras nada significam
e os gestos, os gestos ficam quietos
não se envolvem, e mentem….

Alberto Cuddel

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