Nada posso, contra eles

Nada posso, contra eles

não posso contra eles: o que deram
aceito, assim mesmo sem mais nada.
nascem marés pelos dedos vergados
finca pés na certeza do deserto
há mulheres de idade que alcançam
e novas estéreis, que dão à luz…

havemos de ser quando morrermos
conhecemos quem será o morto
o morto é bom, os maus não morrem
e se morressem quem os velaria?

nada posso contra eles
eles vestem-se de uma verdade própria
de uma luz de candeia
e mordem calados na sombra…

a vida é, apenas porque assim está escrito
tudo o que vive será morto
e tudo virá no seu tempo…

Alberto Cuddel

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