Já tive pressa enquanto o tempo andava devagar,
Já senti falta do sol, em muitos dias cinzentos…
Hoje os muros parecem-me tão altos, quase intransponíveis, do outro lado, o sonho e a vida, andam gaivotas em terra, não pela tempestade, mas pela abastança de comida… pendem eras dos beirais onde antes chovia, hoje apenas um sorriso, sem motivo, apenas pela ausência de tristeza…
Já tive pressa enquanto o tempo andava devagar,
Já senti falta do sol, em muitos dias cinzentos…
Amei-te acima das nuvens, depois sentamo-nos, olhando apenas na profundidade do outro, perscrutando a alma… nessas palavras caladas em que dizemos tudo, em que nos afirmamos crentes e cientes dos erros, vadios do estar, ainda que nosso olhar nos condene…
Já tive pressa enquanto o tempo andava devagar,
Já senti falta do sol, em muitos dias cinzentos…
Corri como louco pelos caminhos direitos, encontrei-te à janela, numa pequena viela, olhando distante o teu futuro, do outro lado do muro… o amanhã está ali à distância de um salto, à distância de uma noite…
Já tive pressa enquanto o tempo andava devagar,
Já senti falta do sol, em muitos dias cinzentos…
Alberto Cuddel
Deixe uma Resposta