Seja sobre o que for, não sei ser poeta

Seja sobre o que for, não sei ser poeta

Seja sobre o que for, não sei ser poeta
Se de mim nada brota, pregões surdos
Nada me nasce na alma, busco palavras
De dentro de mim, sou, não me aclamo
Leio, no olhar de quem lê palavras soltas
De entre a diversidade, meramente vida
Creio que o corpo, mera máquina de desenho
Transporta-me nos sonhos das palavras brancas
No elevo supérfluo de nada ser, sendo tudo
Nas palavras silenciosas que lês na solidão!

Seja sobre o que for, não sei ser poeta
Não sei, não quero, sou muitos e ninguém
Não me defino, não me definem, apenas sou
Sem nunca chegar a estar, ou mesmo ficar
Ser poeta é viver livre, mas o corpo prende-me
Numa vivência ridícula de olhar um rio
Mesmo que sentado de mão dada, -Maria!

Seja sobre o que for, não sei ser poeta
Porquê deveria ser o que quer que seja?
Apenas existo no sonho adormecido da vida
No florir de uma rosa, nos espinhos secos
Numa mão estendida, numa lágrima de mãe
Num pedra solta, numa folha que cai,
Num luar, numa brisa marinha, numa andorinha
Num vestido caído, numa saia subida
Num olhar lascivo, sorriso atrevido
Num amor matinal, numa paixão natural!

Seja sobre o que for, não sei ser poeta
O poeta és meramente tu…
Tu que sentes o que eu calo, no silêncio
Das palavras que escrevo!

Alberto Cuddel

6 thoughts on “Seja sobre o que for, não sei ser poeta

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