Quebra
quebrei, distraído, quebrei
quebrei, quebrando o que firme estava
inconsciência do habito de nada usar…
queria arrancar-te essa dor no peito
voltar a fazer de outra forma o que foi feito…
quanta cobardia, quanta incúria do cuidado
quanta dor infligida, quanta traição cometida…
podiam ser rosas brancas
essa nascidas em terra selvagem
podia ser mar ao alcance dos olhos
mas foi meramente chuva que te corria pelos seios…
enredo-me na teia da madrugada
usurpação do tempo que lembrava
tragédias pardacentas, frios corpos
uma embriagues lânguida
no almiscarado perfume dos dedos!
quebrei as juras que aqui vinham morrer
pela tarde calada no leito toldado
rouba-me o ar que arfa no peito
descobre-me o medo rarefeito
uma febre hemorrágica dos segredos
palavras sangrenta e sem medos…
quebrei, distraído, quebrei
quebrei, quebrando o que firme estava
inconsciência do habito de nada usar…
Alberto Cuddel
11/06/2019
01:00
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