Poema do dia 28/09/2018
Faltam-me árvores concretas
Das que concretamente fazem sombra
Antes que o sol me aqueça
Concretamente antes da tarde!
Mesmo que depois disso seja apenas vida
Numa sede raivosa, onde raivosamente me falta
O tempo que chegue sem ter partido
Numa chegada anunciada pela noite!
Vieram os sonhos e os gestos
A concretização dos concretos
Dos que ficaram nos lábios
E dos que caíram no chão!
Nesta sede que me aniquila
Um projecto de depois
Antes que seja excomungado
Fico sem nunca ter chegado!
Bebemos nos lábios cheios
Em peitos fartos e redondos
Borboletas esguias e carnudas
Nesse bailado que muda o mundo!
Espero-te como quem chega
Onde tudo é novo mesmo trocado
Calçada preta e branca, limpa
Passo lento, grisalho e azarado
Sob o sol que me baralha
Faltam-me árvores concretas
Das que concretamente fazem sombra
Antes que o sol me aqueça
Concretamente antes da tarde!
Depois?
Depois cheguei, chegaste
Depois amei-te, amaste…
Concretamente…
Alberto Cuddel
28/09/2018
Alverca, Portugal
Deixe uma Resposta