Morte do dia,

Morte do dia,

Assim vão desfilando os minutos,
Num velório anunciado, morreu,
Mais um dia nasceu, cresceu,
E finou-se, assim sem anúncio,
Sem honra de abertura de jornal,
São assaltos, assassinatos, roubos,
Impostos, corrupção, mas e o dia afinal?
Nada nem um rodapé, assim esquecido,
Mas que dia incompreendido este,
Que morte tão desolada,
Morreu, não é lembrada,
Apenas a noite, essa sim acarinhada,
Apenas a criançada um pouco contrariada,
Por chegar a hora da cama, não acha piada!

Mas também a noite nascida,
Com tudo onde esta prometida,
Irá crescer, cobrir com seu manto,
O amante mais incauto,
Cumprir promessas feitas,
Trazer lágrimas às desfeitas,
E aos primeiros raios,
Também ela morrerá,
Não já, não hoje, mas amanhã!

Alberto Cuddel

5 thoughts on “Morte do dia,

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  1. esta forma do não hoje, amanhã … como usou Javier Marías no título do seu livro Amanhã, na Batalha, Pensa em Mim ….. usando Shakespeare -, céus fiz um post pequeno devolvendo o livro …, porque fiquei meio viciada em Marías. Mas …desculpa, tudo para dizer que te acompanho. E gosto. Pois é … escreves veloz, e isso me espanta.

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