Abraço da noite

Abraço da noite

Quando a noite me abraçou planamente
Deixei que o eco do verso declamado
Na solidão da sala vazia, ecoasse na alma
Mesmo que essa alma estivesse vazia

Vazia de tudo, do ser, da poesia
A noite impõe a nostalgia do nada
Nem luz, nem som, nem palavra
Apenas ecos distantes do dia
Apenas memória de uma mão
Quente que antes me acariciava

Sentado na borda do leito
Em sonhos preenchidos pelo vazio
E pesadelos repletos de pequenos nadas
Sem rimas, sem olhares, sem alguém
Ou ninguém que me abrace
Que me salve da devassidão das horas
Essas que conto para um outro amanhã
 [há sempre um amanhã, o tempo é implacável]
Um outro tempo, o suficiente…

A noite que me abarca, um livro que acaba
Um ponto, um aglomerado de reticências
Ainda que o silêncio se quebre,
Na recolha do lixo ordinário dos dias,
E os pensamentos voem em folhas amarrotadas
Escritas desvairadamente, não me dói mais
Que a mera ausência de sono…
O sono onde profusamente descanso
E sonho dias melhores…

Alberto Cuddel
#depressaopoetica

8 thoughts on “Abraço da noite

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