Inclusão da Incerteza do eu

Inclusão da Incerteza do eu

A vida passa-me diante dos olhos
Como postes hirtos em sentido oposto
Entre a oclusão do sol, desvirginando a lua
Escondo-me de mim mesmo revelando-me ao mundo
Nas metáforas ocultas por entre antíteses dos dias
Certo é que seja, uma virtude sempre desvirtuada
Pelas luzes apagadas que me pendem do tecto
Mesmo acesas jamais iluminam estrelas
Tao pouco um ardor que me queima
Consumindo-me como chama
De uma triste vela
Apagada!

Há um deus que me julga,
Mediante a bitola de Deus,
Há homens que me condenam
Às mãos e leis dos homens,
Há mulheres que me seguem,
Por já não haver homens,
E homens que me perseguem
Por me seguirem a s mulheres…
As regras? As leis? O bom senso?
Esses dormem, à margem
Da vontade dos que nada fazem
Que tudo calam
Tudo consentem
Nada reclamam
E eu? Não vi,
Não soube,
Incluindo eu mesmo
Na minha incerteza
De saber quem era!

Alberto Cuddel
02/11/2017
04:30
#Solutampoetica

 

Poema do dia 27/12/2017

Poema do dia 27/12/2017

Sofreu o amor um novo enfarte
Paragem cardíaca do miocárdio
Internado nos cuidados intensivos
Com mil cuidados não faleceu…

Com manobras de suporte de vida
E beijos boca a boca, não foi desta
Que o amor se fez da triste partida
No peito ressuscitou em quente festa!

Amor internado, por coração partido
Na cama cuidado, por já ter sofrido
Quente se fez nos braços amados
Despertou para a vida em corpos suados…

Sofreu o amor um novo enfarte
Quase finou devido à idade
Assim despertou de novo na vida
Boca na boca, mãos no peito
E tudo despertou desse novo jeito…

Alberto Cuddel
27/12/2017
8:00
T6209412

Poema IV

Poema IV

Não meço qualquer virtude
Na alvura dos meus versos
Cantam de mim a solicitude
Todos os póstumos universos!

Absurdo auto limitar-me
Se chove, (danço)
Se raia o sol, (escrevo-me)
Não à poesia viúva
Nem tão pouco poeta defunto
Esquecido, memorial do túmulo…
Nome, nada diz, (de mim nada conta)
Nem as esquinas da fonte
Nem o olhar do roseiral
Apenas um voo rasante das andorinhas…
Olha… (passou)
Ficou a memória do que foi
Do que de tudo sentiste…
E sim a poesia é sentir…

Quantas vezes as palavra te doem?
Mesmo assim escreves,
Mesmo assim teimosamente lês…

Alberto Cuddel

Não sou, por não existir,

Não sou, por não existir,

Crendices poéticas, bebendo palavras,
Rimas quebradas, plágios, ditas por ti,
Vês, pelos meus olhos, os que os teus
Apenas imaginaram, adjetivos,
Imagens transcritas, sentimentos
Fingir ver, escutar teu mundo
Agarrar, aprisionar em mim
O som das marés, o abafado
Caminhar de teus pés,
Não, não sou diferente
Finjo poeticamente, ouvir-te
No bater de asas de um morcego
Ver-te no brilho quase apagado
De uma estrela no firmamento…

Não sou poeta, não sou ninguém,
Escondo-me, por detrás das palavras,
Nas entrelinhas, nas vogais,
Por detrás de um odio, figadal
A luz, que me abrasa, que me queima
Que me entorpece os dedos,
Que me faz ser,
Quem não quero revelar,
Por apenas querer,
Continuar a ser,
Palavra,
Nada mais!

Sírio de Andrade
09/09/2015
16:14

Poema do dia 26/12/2017

Poema do dia 26/12/2017

Jardins vestidos de branco
Um frio que baila nas vestes
Nuvens brancas correndo no ar
O doce azul, abraço, vontade de amar!

Longe vão dos dias e as noites vazias
As folhas no chão e camas cinzentas
Castelos caídos e armas nas ameias
Guerra travada em coração de pedra!

Gelos derretem, aguas que correm
Aves despertam e flores que nascem
Animais inquietos mudam de roupa
Os corações esses, aquecem, aquecem…

Cortam saudades as cartas de longe
Palavras doces, perfume de beijos
Jazem no chão os ódios e saudades
Os corpos pedem, pedem, mãos de verdade…

Alberto Cuddel
26/12/2017
14:11
T6208751

Amar-te-ei

Amar-te-ei

Morrerei em mim todos os dias
Por apenas um beijo teu
Declarado no sol alto, num abraço
No brilho do teu olhar, na fome, vontade de amar…

Morrerei em todas as noites
Por apenas uma palavra tua
Declamada ao luar, no querer e desejar
Por entre ausências e presenças prometidas…

Nascerei em ti a cada manhã
Na certa certeza de ainda te amar
Convicto que no amor que existe a dar
Nos encontramos na esperança do sonhar!

Nascerei em ti a cada noite
Na fome e sede de te encontrar
Em mim, em ti, na jovial paixão
De nos voltarmos amar, longe, perto
Dentro do peito, na alma, no perfeito sentir
Que de mim posso esgrimir
Nas letras e formas com que te sinto…

Amar-te-ei, sempre de novo a cada momento…

Alberto Cuddel
01/11/2017
2:02
#Solutampoetica

Poema III

Poema III

Hoje de manhã não acordei cedo
Não que tivesse algo a fazer
Mas simplesmente não acordei cedo
 (podia ter acordado)
Nada me despertou do sono
Mesmo que o sono me atribule…

[nada do mundo me inquietava]
Nem o movimento das ruas
O silêncio dos pássaros
O vento que descia os montes
Nada…

Hoje de manhã não acordei cedo
Podia ter acordado,
Mas o mundo não me chamava…

Alberto Cuddel

Poema do dia 25/12/2017

Poema do dia 25/12/2017

Corre o pastor monte abaixo
Nasceu o cordeiro profetizado
Predestinado das estrelas
Que um dia será imolado!

No monte rebanhos sem destino
Sem um cajado que os guie
Sem uma voz de comando
Busca, busca, o pastor o rebanho!

Que louvada seja a noite de Mitra
De Saturno,  Natalis Invistis Solis
Que seja apenas luz, equilíbrio…
Vença a luz as trevas impostas….

Hoje alegrem-se todos, crentes
Agnósticos, descrentes…
Homens de todas as cores e raças…
Celebremos a vivencia da alegria…

Alberto Cuddel
25/12/2017
11:00

Poema II

Poema II

De todos os poemas
Este é o que vem a seguir
Exactamente anterior, ao que ainda não escrevi
 [podiam ser flores]
Mas é apenas um poema,
 – Desprovido de espinhos
(se o amor é verdadeiro, onde mora o ódio?)

Queria ter tempo para abrir os olhos,
Para ler, saber o que dizes, o que pensas
E ter tempo
Tempo para absolutamente coisa nenhuma…

Queria ter tempo ainda pra ver a neve
Embrulhado num cobertor
Sob o alpendre já gasto
Arrefecer nas horas…
Espero o amanhã
Desprovido de esperanças!

Alberto Cuddel

Poema do dia 24/12/2017

Poema do dia 24/12/2017

Entre todos os que vieram
E os que ainda estão por chegar
Faltas-me, como que me tivesse fugido a alma…

Não me adianta abrir a janela
Tão pouco espreitar o mundo lá fora
A estrela não brilhará sobre mim, sobre ti…

Faltas-me, como se nunca nos tivéssemos tido
Como que nunca nos tivéssemos conhecido
Procuro-te em tantos rostos, sem que te tenha visto….

Faltas-me, entre uma chegada nunca acontecida
Uma partida já anunciada…
Faltas-me hoje, como sempre me faltaste…

Alberto Cuddel
24/12/2017
15:54

Amor pornográfico

Amor pornográfico

Quis fundir-me em ti

Penetrar com o meu falo

O teu vaso fecundo

Introduzir o meu pénis

Na tua húmida vagina

Usar o tacto e o olfacto

Saborear na língua …

Nas mãos os seios

Sentir o volume das mamas

O volume hirto dos bicos…

Quis preencher-te com a seiva

Encher-te de mim…

Quem sabe até foder-te…

Tiago Paixão

23-12-2017

13:36

Velhas odes

Velhas odes

Nas velhas odes de Reis
Coroadas de rosas
Abelhas que voam
Pousam e manuseiam
Pólens e licores de bida
Da mulher brotando mel…

Que me sobrevenha o Inverno
Mancando de branco
O amarelo dos dias
Que me chova na rua
Nos cabelos alvos e grisalhos
Que te exponha nua á lareira
Numa chama crua alaranjada…

Que venha Lídia pela mão
Ribeiros que nunca chegam á foz
Que sejamos muitos, todos, apenas nós…
Que sejamos farsa e pensamento na noite…

Sejamos Apolo, casta calma
Beleza grega do beijo
Que saturno nos conceda
Anéis que no prendem
Nos enleiam na eternidade
De um somente amanhã!

Alberto Cuddel
26/10/2017
07:00
#Solutampoetica

Poema I

Poema I

Pousei a mão sobre uma folha branca
Sem rimas ou rabiscos espaço de nada
Ideias onde o sentir assim se alavanca
Poesia métrica assim apenas formatada.

A mão que sobre a poesia pousei
Não apenas a minha, mas a de ninguém
Não me define, nem define o que sinto
O que me define são as letras
Que do sentir me provém…

Não me visto de rimas, de teoremas
Não me visto de palavras belas
Visto-me de sentir, das rotas acções
Das agulhas com que cozo os dias
Das linhas com que costuro as noites.

A mão que pousei sobre a mesa
Usa-a para desenhar o amor
Que sobre a razão desdenho
Sabendo em mim certeza
Minha mão uso com empenho!

A mão que pousei,
Não a usarei contra mim próprio…

Alberto Cuddel

Poema do dia 23/12/2017

Poema do dia 23/12/2017

Hoje, hoje lembrei-me de ontem
Desse quente domingo de Agosto
Em que deixei os braços da mulher amada
Para que te recolhesses nos meus…

Hoje lembrei-me de ti, de tudo o que em mim fizeste
De tudo quanto em mim mudaste…

Nos meus braços partiste…
– Sabes? Não me lembro de ter chorado
Nem nesse dia nem nos seguintes…
Mas hoje, quando me lembro de ontem
As lágrimas banham-me a face…
– E ainda num sorriso recordo,
Tudo quanto em ti vivi…

Hoje recordo-me de ontem,
Recordo-me de ti, e amanhã também…

Alberto Cuddel
23/12/2017
21:30

Vastidão

Vastidão

No olhar sem limites
Para lá de um horizonte de hoje
Erguem-se montanhas no busto
Dessas redondas erguidas
Que alimentaram o mundo
Que me alimentam a lasciva imaginação…

Na vastidão cinzenta do teu olhar
Perco-me entre azuis e verdes
No querer e na tristeza das vestes
Que te cobrem… que te escondem…

Vasta é a visão policromática do sentir
Entre ternos gestos de carinho
E outros deliberadamente eróticos
Com que me arrebatas os dias
Cruelmente para ti…

Na vastidão das palavras,
Apenas uma…

Alberto Cuddel
26/10/2017
06:50
#Solutampoetica

Website Powered by WordPress.com.

EM CIMA ↑

%d bloggers gostam disto: